sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um dia incomum... Numa vida comum.

Como todas as mulheres da minha familia, eu trabalhava fora de casa, era um emprego bom, onde eu ganhava o suficiente para viver bem, era um trabalho monótono e fácil de executar, eu não precisava correr riscos, mas também não havia opções de crescimento, em breve eu me casaria, com um bom rapaz, filho exemplar, um bom funcionário, um tanto bem sucedido, não era um homem rico, mas poderia me proporcionar conforto, eu não o amava, mas o respeitava, ele era bom e eu acreditava ser o suficiente, mas em apenas um dia, minha vida monótona, comum e devo confessar, um tanto quanto vazia, ganhou cores, ganhou melodia e brilho. Minha vida ganhou vida.
Era uma manhã qualquer, eu havia acordado cedo para preparar o café, meu pai lia o jornal sentado a mesa, enquanto eu passava o café, minha mãe estava lavando roupa, meus sobrinhos ainda se preparavam para vir comer, minha irmã mais velha ainda não havia chegado de seu plantão no hospital, meu cunhado tinha ido buscá-la, pus a mesa e nos reunimos para tomar o café da manhã. Minha família sempre fazia questão de fazer as refeições com todos juntos a mesa, no entanto aquele ambiente que deveria ser acolhedor, era sempre tenso, todos comiam em silêncio, sem ao menos um cumprimento, o único barulho na sala de jantar era dos talheres das crianças, que atrapalhavam-se tentando ser discretos para não chamar a atenção dos adultos.
Naquele dia, em que nada parecia novo, exceto os sapatos que eu usava, que o incidente aconteceu...
Eu caminhava tranquila em direção ao ponto de ônibus, não queria me atrasar pois teria um reunião com meu chefe, quando uma moto, vinda não sei de onde, passou por uma poça de água muito próxima a mim, me molhando completamente. Não xinguei o motoqueiro, pois era contra os meus princípios, em vez disso voltei para casa afim de me trocar. Eu fiz e refiz o trajeto apressadamente. Eu ia chegar muito atrasada, no entando ao menos estaria em um estado apresentável. Dei sinal assim que avistei o ônibus, sentei-me em uma poltrona do meio do ônibus, não estranhei o fato de que houvesse tão poucos passageiros naquele ônibus, visto que não estava em meu horário habitual e que eu nunca havia me atrasado, coloquei os fones no ouvido e selecionei uma música na minha playlist, era uma música tranquila, não lembrava onde a havia pegado e tampouco sabia sobre seu autor, mas era minha melodia favorita, naquela manhã, não sei porque eu adormeci no ônibus...
- Moça! Uma voz me chamava distante. - Moça! Este é o ultimo ponto, você precisa descer.
Acordei atordoada e desci apressada, somente quando o ônibus partiu eu me dei conta do que havia acontecido. Fiquei em pânico, o único sinal de civilização era o ponto de ônibus, o resto era um paredão imenso de árvores dos dois lados da estrada, me pus a caminhar na direção por onde o ônibus seguira, não encontrei sinal de viva alma por quilômetros, cansada e com sede eu sentei-me a sombra de uma árvore. Não sei em que momento adormeci, mas quando acordei estava sentada em uma poltrona muito confortável na varanda de uma casa, o estranho era que tudo aquilo era extremamente familiar para mim, eu conhecia aquele lugar, ou melhor, eu vivia naquele lugar, estava tudo muito confuso, olhei para a frente do terreiro da casa, era uma bela paisagem, um lindo jardim, muito florido, não era um daqueles jardim planejados, era como se a natureza rica daquele lugar quisesse apresentar ali toda a sua diversidade, eu respirei fundo, aspirando o perfume daquele lugar, era tão agradável estar ali, a sensação de que havia feito a escolha certa. quando tentei levantar me senti estranha, meu corpo pesava e um estranho movimento na minha barriga me fez olhar para baixo, eu estava grávida, senti vontade de gritar, mas sorri, eu tinha a estranha sensação de está presa dentro de mim mesma, mas era agradável, acariciei minha enorme barriga, outra palpitação, supus que fosse um chute e sorri, abri a porta e entrei, o cheiro da casa era aconchegante, as cores eram acolhedoras e o clima que nela havia me faziam sentir em paz, segui para a cozinha, era estranho conhecer o caminho, era uma cozinha de aspecto rústico, uma enorme janela em cima da pia, um gato amarelo e gordo espreguiçando-se no tapete da porta que dava para os fundos, um enorme pinguim em cima da geladeira, vários vegetais de fresco aspecto estavam sobre o balcão de mármore. Era uma sensação maravilhosa, de extrema satisfação. No entando meu momento de paz foi interrompido pelo barulho da porta sendo aberta, voltei para sala e uma linda menininha pulou em meus braços, os cabelos negros e anelados, a pele clara e saudável, as bochechas rosadas e os minúsculos dentes enfileirados em um radiante sorriso, aquele momento era lindo demais.
- Calma Alice, ou vai machucar seu irmão. Olhei por sobre os cachos da menina em meus braços: -Você chegou cedo meu amor. Me surpreendi falando.
- Imaginei que estivesse cansada demais para preparar o jantar sozinha, resolvi vir mais cedo para lhe ajudar. Falou um homem sorridente, meu marido.
Eu me encantei com aquele sorriso, eu o amava, ele pegou a menina nos meus braços:
- Venha Alice, vá se trocar, hoje vamos ajudar a mamãe a preparar o jantar.
Voltei a cozinha, lavei as mãe e comecei a preparar o jantar, ele me ajudava e Alice acreditava está colaborando imensamente ao dobrar os guardanapos. Aquele momento peculiar que eu vivenciava, era muito belo, e eu desejava viver intensamente daquela forma, ainda que não estivesse realmente presente, como se eu estivesse sonhando e torcendo para não acordar, para permanecer ali. terminamos o jantar e fomos nos trocar, o meu quarto era muito aconchegante, havia uma imensa quantidade de porta retratos espalhados por sobre os móveis, fotos minhas de um casamento que para mim era uma vaga lembrança, como um sonho antigo em que ora lembramos ora pensamos ter imaginado esse sonho. Era tudo surreal, perfeito demais. Tomei o meu banho, me vesti e desci, na sala algumas pessoas me esperavam, uma mulher alta e bem vestida sorria e falava alto, um homem gordo e pomposo brincava com um bebê em seu colo, dois menininhos corriam atrás de Alice, um senho idoso de aspecto saudável e sorriso gentil observava os garotos correndo, uma jovem muito bela acompanhada de um rapaz sorridente conversavam com meu marido, umas senhora idosa abotoava a camisa de um garoto, parecia ralhar com ele enquanto o fazia, já ele observava Alice com cumplicidade. Aquele ambiente familiar e feliz era onírico, como uma cálida pintura.
- Boa noite! Cumprimentei de forma a anunciar minha chegada. No momento em que eles se viraram. Tudo ficou branco.
Não sei o que havia acontecido de repente eu estava toda encharcada, olhei para trás o motoqueiro apressadinho havia reduzido a velocidade para estacionar, corri até ele e mesmo antes dele retirar o capacete eu falei;
- Quem você pensa que é? Peça desculpas por me deixar desse jeito, e olhe por onde você anda, tenho certeza que fez isso por maldade.
Eu nunca tinha ficado tão alterada.
Ele tirou o capacete devagar, com a cabeça baixa ele falou:
- Desculpa moça! É que eu havia me distraído.
Quando ele levantou a cabeça e nossos olhares se encontraram, tudo mudou, aconteceu muito rápido, eu o reconheci e ele me reconheceu, ele é, ou melhor, será, meu marido!






PS: Não sabemos como compartilhamos da mesma visão daquele dia,
o importante é que estamos juntos e seremos felizes, não sempre,
mas muitas vezes....................................................................................


Dedico esse primeiro conto, a você meu adorado pierrot, que me devolveu a inspiração^^

By Fernanda Hideto Nadi




7 comentários:

  1. que tri nanda *---*
    nossa bem complexoo
    parebens

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  2. o melhor de tudo é que dá aquela sensação de que isso poderia acontecer a qualquer instante com a gente também, com outros cenários, em outra velocidade, mas com as mesmas sensações de felicidade. Encontrar pode levar tempo, pode ser por caminhos não tão evidentes, mas ela aparece, agora eu sei.

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  3. Nossa surreal mais maravilhoso....
    bendita posa de agua hein...ahahahah

    não mais falando serio, q belo conto..muito interessante msm...espero q vc continui com essa inspiração maravilhosa nanda...
    bjs adorei....

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  4. Sendeeeeeeeeeeeeeeee^^ obrigada pelo coment^^
    bjo bjo bjo... sim sim me inspirarei bastante^^

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